sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Protocolo e morte

Muito recentemente uma pessoa querida passou pela tristeza de perder sua companheira.
Fui até ao enterro e logo após o cerimonial observei-o enquanto enfrentava uma fila de amigos e parentes dando-lhe as condolências. Entre todos haviam aqueles que se detiam um pouco mais longamente e tentavam dizer algumas palavras de encorajamento, dizer que a vida continua, que devemos ser fortes, que ela está com alguém lá em cima, que nunca será esquecida, que também já tinha passado por isto, que fazia tempo que não se viam e que ele deveria ir até a casa deles e assim por diante. Seus olhos vermelhos delatavam o cansaço que as inúmeras tarefas que este pequeno universo nos obriga a fazer sem poder pensar em dormir ou descansar, mas parece que somos tomados por um estado de letargia onde tudo parece acontecer como num filme.

É muito difícil quebrar esta monotonia protocolar e talvez absolutamente desnecessário. Provavelmente só em casa diante de quatro paredes é que a ficha cairá e as verdadeiras lágrimas irão rolar. Até lá, será que realmente só nos resta seguir o protocolo e repetir as mesmas palavras como num mantra? ou não?

A vida parece nos convidar infinitamente para um estado de sono, mas para realmente viver a vida não há convite, para algumas boas festas, só se entra de penetra.

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